Cultura
Acores
Pode dizer-se que a cultura
dos Açores é única sob vários aspectos. É, no entanto, razoável
afirmar que as suas raízes podem encontrar-se nas diferentes vagas
de colonização que assomaram ao arquipélago nos primeiros séculos
após a sua descoberta e que se foram adaptando, com o passar do
tempo, às circunstâncias bastante especiais que estas ilhas lhes
iriam proporcionar, moldando, por fim em certa dose, os seus modos
de vida.
A colonização começou pela
primeira ilha a ser descoberta – Santa Maria. Foi na capital desta
ilha, na altura, em 1493, uma das maiores vilas do arquipélago,
que parou Cristóvão Colombo na viagem de regresso das Américas.
Por volta de 1444, a segunda
ilha a ser descoberta – São Miguel – era também já colonizada,
muito por gentes mais habituadas à agricultura (oriundas de regiões
do interior português, sobretudo) do que, por exemplo, à pesca,
o que explica que durante séculos as principais produções da ilha
viessem da terra e não do mar. A elevada fertilidade dos solos
e um clima excepcionalmente propício levou às culturas extensivas
de trigo, milho, laranja, cana-de-açúcar, entre outras, que chegaram
mesmo a ser exportadas para diferentes destinos na Europa.
A força
da agricultura prevaleceu nos séculos seguintes. Alguma influência
francesa fez-se sentir com a chegada de tropas que vinham em auxílio
das portuguesas no combate aos diversos ataques de pirataria que
se verificavam com alguma frequência nas ilhas. mais tarde, uma
outra indústria, proveniente, sobretudo do norte do continente
americano, ganhou alguma importância na economia e desenvolvimento
do arquipélago – a indústria baleeira. Os portos de mar mantinham-se
bastante ocupados com esta indústria, mas também com o comércio
de importação e exportação que se efectuava em grande parte entre
as ilhas e Portugal continental.
(Relativamente à indústria
baleeira podem hoje encontrar-se em museus nas ilhas do Faial
(Museu do Peter’s) e do Pico alguns dos mais belos exemplares
de trabalhos em osso e dente de baleia alguns feitos pelos próprios
marinheiros ainda na época da caça. Outros artefactos e peças
desde os arpões às próprias embarcações ligadas à caça podem ainda
encontrar-se em exibição).
Ler mais sobre festividades
açoreanas
Outras culturas e indústrias
sobrevieram entretanto num arquipélago que suporta praticamente
tudo. A vinha, a silvicultura e mais recentemente o gado bovino
são três recentes mais significativas.
Em suma pode dizer-se que
a cultura dos Açores reflecte uma fusão entre as culturas originais
dos povos colonizadores (desde as duas grandes vagas oriundas,
uma da região centro-sul de Portugal continental, outra do norte
do país, a outras menos significativas que se podem identificar
como vindas do norte de África, França ou dos Países Baixos) entre
si e entre estas e o contexto particular das ilhas (a nível climático,
geográfico, geológico, topográfico...) e que era capaz de proporcionar
a gestação de novos modos de vida. De ressalvar ainda que a religiosidade
(de confissão Católica Cristã) dos povos açoreanos foi sempre
um factor marcante no seu modo de estar. Tal reflecte-se na predominância
do cariz religioso das festividades do arquipélago.
Dada a longa
história dos Açores na luta contra o isolamento, os sismos, as
erupções vulcânicas, as invasões de piratas e até mesmo contra
um clima, por vezes demasiadamente cinzento, outra coisa não seria
de esperar senão uma cultura genuinamente única. Abdicando, em
termos gerais, do turismo de massas (algumas excepções fazem-se
sentir de um modo quase gritante) em prol de um turismo de qualidade,
os Açores conseguem assim, de uma forma mais ou menos introspecta
e sensata (de resto, duas características tradicionalmente açoreanas)
integrar o turismo na sua cultura.
A arquitectura é, por norma
(e salvo em épocas mais recentes de desenfreada especulação imobiliária)
coerente com a tradição e com os materiais locais, sobretudo a
pedra basáltica, vulcânica, algum calcário (em boa parte vindo
do continente com o passar dos séculos) e a cal. Os elementos
decorativos no revestimento eram, não raras vezes, dados pela
tradição portuguesa (também de origem flamenga e mourisca) do
azulejo pintado.
Na música e na dança há espaço
tanto para o homem como para a mulher. A viola, nas suas diversas
variantes (das quais se pode destacar a viola da terra) será talvez
o instrumento de maior presença. As cantigas ao desafio são uma
das formas mais vulgares da expressão musical.
O carácter de certo modo lírico dos povos açoreanos fica expresso
em muitas das obras de poetas da terra. Muitos deles como Antero
de Quental ou Natália Correia são amplamente conhecidos e traduzidos
um pouco por todo o mundo.
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de restaurantes
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Bebidas
Apesar de haver uma boa produção de vinhos em Portugal continental,
vinhos, mas também licores e aguardentes são produzidos
nas ilhas açoreanas. Alguns mais recomendáveis são os
das ilhas do Pico, da Graciosa ou da costa norte da ilha
Terceira.
As frutas, nomeadamente
as exóticas, convertem-se frequentemente em licores. A “Aguardente
Velha da Graciosa” ou o “Licor de Maracujá”, são dois dos
mais referenciados. Por fim há ainda lugar há produção de
cerveja com a “Especial”.
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